A maior obra de recuperação da história de Santa Catarina

Por mais de 90 anos, a Velha Senhora resistiu a um inimigo invisível, inevitável e danoso: o salitre, produto da ação corrosiva do mar. Ao mesmo tempo, encarou outras frentes de batalha. Uma delas, o desgaste natural da estrutura, agravado pelo passar das nove décadas. Outra foi o aumento da carga e do número de veículos ao longo do século passado, muito além do que previa o projeto original.

Devolver à Ponte Hercílio Luz suas características originais foi um trabalho histórico. A maior e mais complexa obra do tipo já realizada em Santa Catarina.

O Projeto de Reabilitação da Ponte Hercílio Luz foi apresentado pelo Governo de Santa Catarina no dia 24 de março de 2005. No fim daquele mesmo ano, foi publicado o edital de concorrência para a primeira etapa da obra.

Vencedor da licitação, o consórcio formado pelas empresas ROCA e TEC iniciou a execução do contrato em 17 de fevereiro de 2006. Essa etapa consistiu na manutenção preventiva dos elementos metálicos e preparação da base para tratamento e reforço dos blocos de ancoragem, além da recuperação das estruturas metálicas e das rampas dos dois acessos. Tudo para dar segurança à sequência dos trabalhos.

Em 2009, o consórcio Florianópolis Monumento iniciou o que seria a fase final da obra. A recuperação de todo o vão central, das torres principais, da passarela e das pistas de rolamento começou a sair do papel.

O projeto previa quatro torres que sustentariam a ponte para a recuperação do vão central.

Mergulhadores precisaram descer a quase 30 metros de profundidade, enfrentando fortes correntes marítimas. Eles podiam permanecer apenas poucos minutos submersos para soldar as escoras no fundo do mar com altíssima precisão.

Depois dessa etapa, a obra começou a atrasar. A previsão de término era 2012, mas o ano de 2014 acabou com os trabalhos praticamente paralisados, sem perspectiva de avanços. O Governo do Estado rompeu o contrato unilateralmente com a companhia responsável.

Uma nova empresa foi contratada, a Empa, controlada pelo grupo português Teixeira Duarte. O tempo era um fator decisivo. As soldas, o material e a estrutura corriam risco de deterioração. A obra foi novamente dividida em duas partes. Primeiro, concluir as torres de sustentação. Depois, construir a treliça, efetuar a transferência de carga, trocar rótulas e substituir as barras de olhal.

Paralelamente, o Governo do Estado fazia contatos com a American Bridge, empresa dos Estados Unidos responsável pela construção da Ponte Hercílio Luz. Técnicos e gestores da companhia estiveram três vezes em Florianópolis para vistoria, mas, em outubro 2015, a empresa desistiu da obra.

A Teixeira Duarte, então, foi contratada novamente para terminar a reconstrução. A previsão inicial de entrega era outubro de 2018, mas o prazo não foi cumprido.

No início de 2019, com o Governo do Estado sob nova gestão, ficou definido que a reabertura ocorreria até 30 de dezembro do mesmo ano.

Nas semanas seguintes, todas as providências foram tomadas para, enfim, concluir a recuperação da Ponte Hercílio Luz e devolvê-la aos catarinenses. Tudo correu conforme o planejado desde então. As transferências de carga para a estrutura original da ponte foram concluídas com sucesso, assim como as demais etapas da obra.